segunda-feira, 25 de julho de 2011

A TRAGÉDIA DA POLÍCIA BRASILEIRA A PARTIR DA MORTE DE AMY WINEHOUSE


Morreu no dia 23 de julho de 2011 a cantora inglesa Amy Winehouse. Dona de uma voz poderosa e invejável, morreu aos 27 anos. As causas ainda não foram oficialmente divulgadas mas, entre lamentos e murmúrios, o mundo comenta que se deu em decorrência do excesso de álcool e drogas que há anos consumiu com fartura. Uma legião de fãs choram a perda!

Em contrapartida, sem fãs nem grandes lamentos, no dia anterior à morte de Amy Winehouse, morreu em São Paulo o delegado Leonardo Mendonça Ribeiro Soares. 28 anos, um a mais do que a famosa cantora britânica. Foi baleado na cabeça por um criminoso, talvez alguém envolvido no tráfico que fornece aos nossos jovens drogas como as que mataram a Amy.

E enquanto a Sra. Winehouse amealhou bilhões de admiradores com sua vida desregrada, constantes maus exemplos e fartura de dinheiro gasto com traficantes, quem além da família e amigos mais diretos sabe quem era o jovem delegado paulistano covardemente assassinado em pleno exercício do dever? Quantos fãs ele tinha? Quantos lamentam a sua perda? E olha que a morte do Leonardo foi uma tragédia, a da artista foi conseguência dos próprios atos.

A proximidade das datas e das idades coloca em xeque os valores que vimos cultivando atualmente. Todos cobramos probidade e decência, mas quantos de nós realmente somos probos e descentes quando sabemos ou supomos que jamais seremos pegos? Quantos de nós que condenamos a corrupção e a mentira, temos coragem de castigar e condenar a corrupção e mentira de alguém próximo e querido?

Particularmente, ainda que gostando das músicas da Amy Winehouse jamais a consideraria um ídolo. Ídolos devem servir de exemplo e o que a Amy tinha, enquanto ser humano, para servir de referência? Peço desculpas aos eventuais fãs que porventura sintam-se ofendidos, mas enquanto policial civil me ofende saber que um jovem honesto e sem vícios morreu enquanto pretendia garantir a segurança da sociedade. Uma sociedade que chora e cultua, não a morte do herói tombado, mas a morte anunciada e esperada de alguém que com cotidianamente ajudava com seus vícios a financiar o tráfico.

E que não se distorça os fatos, reconheço que o vício das drogas deve ser tratado como doença e não como crime, contudo, também reconheço que pelas leis de mercado só existe o tráfico para abastecer aos consumidores. Sendo que é dentre os traficantes e consumidores é que saem bandidos como o responsável pela morte do jovem Leonardo.

Lógico que você pode dizer que minha visão é parcial. E ela é mesmo! Afinal realmente acredito que a morte de um policial honesto em serviço fere mais do que a de qualquer viciado, por mais famoso que seja. Assim como acredito e defendo que pessoas como Amy Winehouse devem até ser ouvidas já que suas músicas realmente são boas. Ouvidas mas jamais admiradas em suas condutas e posturas reprováveis. O que ela oferece de bom para ser admirada? Pobre daquele que não traz de casa seu verdadeiro grande ídolo e que precisa buscá-lo nas Amy Winehouse da vida!

Em contrapartida, nossos policiais tem que estudar muito para passar em concurso público, passam por curso de formação, lidam diariamente com o que de pior a sociedade tem a oferecer, tem que resistir ao medo e as tentações de se corromper. Todos os dias andam no fio da navalha sem que recebam o reconhecimento ou remuneração compatíveis com a complexidade e dimensão da sua tarefa diária. E assim como Leonardo, dezenas morrem freqüentemente sem que ninguém além dos seus familiares e amigos mais próximos lamentem a perda. Sem que nem as instituições de que fazem parte manifestem a devida comoção. Definitivamente, temos que repensar nossos valores, referências e condutas.

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